terça-feira, 15 de outubro de 2013
WALK AND TALK #1 em Bilbao
La performance será transmitida en streaming el día 16 de Octubre a las 18h y a las 19h en la STRESS FM.
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Depois de descampar;
Lembro me especialmente dos momentos de desassossego e das maneiras de
fugir destes, quero dizer que a cada vez que se apresentava um incomodo, um
lugar de risco possível que conduzisse aquele encontro numa direcção imprevista
ou inesperada sempre tendíamos a uma recuperação dum marco estável: uma
conversa quase quotidiana, um aislamento individual que fugia da espacialidade
que estaria a ser gerada, uma saída real do espaço, um marco de estudo seja do
livro ou do corpo claramente identificável (visível) como corpo protegido no
significar do “estou estudando”. Por que haveríamos de querer desprender-nos
tão rapidamente dessa sensação de incomodo, desse estado tão potente? O que nos
faz querer encontrar sempre aquele cantinho seguro mínimo que funciona como um
cerco a volta, uma membrana de fato menos permeável? Será que durante estes
dias tivemos a fugir dessa incomodidade que emergia a cada proposta que nos fazíamos
nesse lugar de estar, estar junto, sem conhecer-nos quase, deixando que o
desconhecido campeia-se todo o tempo por lá? Pense varias vezes se descampar
não seria abrir aquele buraco negro que fosse engolindo as luzes dos
significantes, dos significados que nos fazem ser Ibon, Márcia, Sílvia,
Luciana; não como destruição, mas sim numa suspensão daquele reconhecimento
constante de nos próprios e daquele espaço concreto, naquele dia. Qual é essa
vivencia que se vai gerando enquanto nos propomos não criar marcos
pré-estabelecidos, nem de conversa, nem de actividade, nem de pensamento? É
isso sequer possível?
Durante esta semana no 30 da Mouraria e na Re.Al jogamos esse jogo a
momentos, esse jogo que escorrega ao lado de nos próprios e nos olha e, noutros
momentos, instalamos a calma do papo estabelecido, da rotina organizando se em
rotina, do tu és tu e eu sou eu. Mas a fissura, a brecha explodia levemente a
cada canto todos os dias, naquele aborrecimento, naquele incomodo com quem esta
ao lado, com um mesmo ao lado de si próprio. E se agarrássemos aquele incomodo
e fossemos com ele eramos vestias enfurecidas talvez, ou crianças chorosas, ou
seres perdidos numa imensidão, quase doentes, quase inumanos, loucos, loucos
talvez? Não sei bem porque isto me faz lembrar daquele livro “escrita da
potencia” (Giorgio Agamben) em que se fala da pena que é molhada na tinta
escura do pensamento, da potencia como aquela superfície opaca e profunda ao
mesmo tempo da escuridão. Descampamos numa amalgama de tinta, num nevoeiro sem
chão nem suporte, num colapso inasivel, buraco negro que absorve a luz da
representação imediata? Será? Descampamos numa escrita da dança que se escreve
no próprio emergir da dança? Esta semana foi isso, um lugar de potencia que
passava de leve, ao lado, inadvertido mas assobiando-nos?
Como pequena interferência neste texto e para insistir na importância da
metáfora do tinteiro e a mão que nele molha a pena, quero aproximar a frase
concreta na qual Agamben nos diz: “(…) decisivo não é tanto a imagem do escriba
da natureza, mas o facto do noûs, o
pensamento ou a mente, ser comparado a um tinteiro no qual o filosofo tinge a
própria pena. A tinta, a gota de trevas com que o pensamento escreve, é o
próprio pensamento.” Interessam nos aqui dois fatos que se desprenderiam desta
leitura; por um lado o que se desprende desta ultima frase “…a gota de trevas
com que o pensamento escreve, é o próprio pensamento” ou seja, essa afirmação
pela qual o pensamento, um dos fundamentos da nossa cultura, digamos a potencia
do humano, é exposto aqui como as trevas,
uma substancia em si inasivel, desconhecida e inidentificável, uma nebulosa
mediante a qual se definiria a própria potencia do pensamento, o seja o que o
pensamento é – pura potencia. E não só isto, já que junto a definição do
pensamento como tinteiro de trevas, ele – G. Agamben - nos oferece uma outra
imagem: a de a escrita própria desse
pensamento como uma escrita que se escreve a partir duma gota de trevas. A partir de aquí o segundo fato que nos interessa observar
é, a leitura que podamos fazer do termo pensamento, – que é a gota de trevas
com a que escrevemos -, já que nesta leitura concreta nos pode parecer estar
limitado ao marco da linguagem escrita, da palavra e do discurso. Mas e se
deslocarmos ou ampliarmos a concepção deste entendimento do pensamento para um
lugar mais abrangente que compreenda o movimento, a linguagem corporal-postural
que acompanha todo acto discursivo e da palavra e, em definitiva, estender mos
esse tinteiro de trevas ao self, a um corpo-pensante em potencia?
Aí talvez estejamos a olhar com a justeza suficiente para esse termo dito de
pensamento, e para nossa escrita tridimentsional no espaço. Talvez então, estas
leituras nos ajudem a nos aproximar de algumas percepções que nos acometeram durante
esta semana de Descampar. Talvez nos podamos aproximar desde ângulos outros a
experiencia da escrita coreográfica a partir das trevas (da névoa do nevoeiro)
que podam ter acontecido em instantes durante esta semana de estares no estúdio, ou os momentos frágeis
em que inscrevemos nosso corpo em trevas no espaço. É mais, talvez a
abertura para a comprensao psico-fisico-espacial do termo pensamento, nos ajude
a deslocar esse mesmo tinteiro de trevas
ao espaço com o qual estivemos a pensar o movimento, o corpo, a palavra e os
sonhos, e ver o escuro que contem a luz. Qual o tempo a percepção de ajustar-se
numa frequência de disponibilidades para mergulhar nas trevas de nosso
encontro? Há tempo, e há tempo dentro do tempo disso ficou alguma certeza.
Queria trazer este trecho de texto pelo fundo implícito de desconhecido que
implica em toda experiencia, pelo foco inconsistente mas assertivo das ditas
trevas em que se propõe nele uma potencia qualquer e pelo que isto possa
implicar na temporalidade de ver e ver-se, de compreender e compreender-se, na
emergência nestes dias da dilatação do tempo de identificação do “sim é” e o
“não é”. Isto porque durante o Descampado, nestes 5 dias de estar no estúdio,
me tem acompanhado uma urgência em agarrar-me as coisas, suster-me na parede
com um braço, correr sem correr a por o caderno e a caneta, refugiar-me num livro,
numa velocidade arquivadora ou conciliadora inesgotável. Mas também tenho me
descoberto em instantes fazendo coisas sem as fazer, deixando uma pegada de
agua no chão sem querer a deixar, apaixonando me da cadeira verde, perdendo
minhas costas em outras latitudes da esfera terra, desfazendo a linearidade dos
eventos e, sobre todo, esquecendo, esquecendo o que tinha que ser.
ibon salvador bikandi
quarta-feira, 1 de maio de 2013
pensar-dançar rua
Tentar dizer o que não sabemos
dizer tem vindo a ser uma prática continuada, ainda mais sabendo que quando
dizemos aquilo, vamos continuar sem saber ou simplesmente enunciaremos um
outro campo desconhecido. Olho muito longe e muito perto, aí onde os planos e
os volumes de novo se abstratizam e se desfocam e são qualquer coisa em potencia,
um “não sei”. Tentar articular na escrita, aquilo que queríamos dizer na palavra
em ato para outros muitos, vocês aí - ou melhor para nós muitos, eus aqui -,
tem sido também um movimento frequente. É o que estou a fazer.
Isto, é sim, uma introdução para
mim mesmo, uma tentativa mais de clarear a minha emergência em querer escrever
um lapso vivencial acontecido faz 10 minutos atrás quando passeava a caminho de casa, uma impossibilidade em me dizer a mim próprio, em me escrever. O que me
faz querer introduzir, mediante a língua escrita, esse meu lapso íntimo no
contexto coletivo da língua? Onde aparece a vontade de dizer-se? Entendo essa
vontade imediata de escrever como uma vontade de dizer, de por num plano
diferenciado a experiência – melhor ainda, de fazer experiência da experiência
- de manipular essa matéria abstracta da palavra para comunicar-se,
imediatamente pelo menos, com meu eu-outro. Com esse eu, que só prolifera e
existe na língua e mediante ela se vê a si próprio, se ouve, se veste, se fala
e se faz mesmo comum aos outros-nós, outros-eus, ao despertencer-se de si
próprio, se jogando ao ar na experiência do dizer. Uma capacidade de criar
mundo?
Tanta razão que se amontoa uma
sobre a outra quando no começo isto não queria ser tão lógico.
Ia caminhando, o corpo rarefeito, como se
tivessem passado muitos anos nos últimos dois meses, o corpo pensando-se e
percebendo-se com Lisboa de novo, os ombros crescendo largos, olhos grandes,
olhos agrandados, a pele velha e querida aceitando a forma que adquire a cada
momento, um nariz aberto que deixava passar a pedra fria. E vou chegando… com passos largos e areados desde
a estação de comboios, através do Mercado da Ribeira até o Largo de São Paulo…
neste ponto suspendo, ralentizo (slow-down) e contorno as formas ou elas me
contornam. Há aqui, neste largo, um perímetro, certas ruas, alguns espaços
onde, por certa dilatação das fronteiras entre o conveniente e o inconveniente,
o corpo-que-caminha avança entre gestos e dobras, suspensões e ligeiras
acelerações que habitualmente formam parte das impossibilidades da cidade, o
gesto se rebela e acontece-me certa abertura, ou o fazer-se da possibilidade.
Esta percepção, que se ia apegando ao pensamento, este pensamento do espaço se
pensando – de se pensar com o espaço - foi me propondo desde a comunicação
imediata com uma climatologia, uma luz, um devir do espaço no tempo; a possibilidade do corpo de criar espaços no
espaço. Mas não só isso! Também observei a sobrevivência e extensão desses espaços criando-se por si próprios, como se a performance Walking and Talking e as práticas de meses na rua, tivessem produzido uma outra dimensão na
historicidade do Largo de São Paulo ou anteriormente na rua da Mouraria, no Beco do Jasmin, etc. E a percepção da extensão destes espaços no tempo estava
a ser quase como se: no labor
comprometido da alquimia subtil da geração de espaços com o espaço-corpo, o que estivéssemos a fazer fosse semear
possibilidade e tempo-espaço no lugar, carregando este de memorias possíveis no
presente.
Irrupção de uma matéria que ainda não é
constatada na língua, uma capacidade que vai se exercitando no corpo-pensante,
de ver, não só desde a funcionalidade dos sentidos, se não desde a capacidade
imaginativa (sense of imagination, Lisa Nelson) ativa continuamente neles e
que no hábito da sobrevivência, na ausência da prática da dúvida é absorvida
no horizonte do conhecido. Isto, é uma tentativa de se aproximar à inflexão que
se realiza na produção do “real” em um espaço quando as atenções se permitem
atentar, não desde um fim específico que tenta identificar as arquiteturas,
movimentos, condições de perigo (ou não) com o propósito de estabelecer o antes
possível um marco seguro, ou (re)conhecido - algo que precisamos que seja sem
dúvida isso que estaríamos vendo (tautologia) - se não, quando na dilatação, necessária nestes dias, do tempo de identificação do “sim é” e do “não é”, um
corpo, uma comunidade considera a possibilidade de gerar o “real” desde as
atenções e o imaginário que destas
emerge, em conjunto com a historicidade, com a qual operaríamos inevitavelmente
na actualização desse “real” - ou fazer do real experiência .
Mais especificamente enquanto nos permitirmos
duvidar que o olho esta treinado para ver só entre estes e aqueles parâmetros,
e o ouvido para ouvir entre estes e aqueles outros, enquanto abrirmos a
possibilidade de que o espaço corpo for imaginado ou estendamos os abismos da
inter-espacialidade dele próprio para com ele próprio. Algo pequeno e grande na
observância desse pequeno, algo próximo e longínquo, algo que não se obriga a
estar preso na história do humano, nessa história que parece nos dizer que
estamos presos a condutas e heranças, algo que se detecta vivo, até na mais
pequena das partículas e abre brecha na sua historicidade com sua historicidade
também.
Neste sentido há sim que brincar
a imaginar, a ver e a perceber, não num positivismo romântico mas simplesmente
como um exercício vital ante o colapso.
sábado, 23 de março de 2013
Hitzak
Las palabras se dicen en el tiempo o el tiempo
se dice en las palabras? Lo que pensamos en el tiempo lo pensamos ahora y el
ahora pasa todo el tiempo de un ahora a otro ahora, lo que puede significar que
el ahora es eterno y todo existe aquí. Pero aquí no determina nada, solo donde
creo que estoy, y me muevo todo el tiempo de un aquí a otro aquí, a veces ni
estoy aquí, mi pensamiento se ausenta allí y en ese momento el allí es mi aquí
siendo que estoy allí y aquí al mismo tiempo,
siendo que estoy allí y aquí todo el tiempo. De esa manera el ahora se
hace más grande porque abarca una distancia, una distancia del pensamiento y el tiempo toma otra textura a la que
habitualmente llamamos de tiempo.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
velocidad
He empezado a escribir ahora porque tengo que escribir ahora, me pongo como
un rayo, después del café que ataca mi vesícula biliar, a teclear para decirme
cosas. Una necesidad intransigente y apresurada me empuja a dejar todo lo que
estoy haciendo y posarme aquí en el recanto del recanto de una casa para de nuevo
y una vez mas, arrayar lo que se esta diciendo sobre la vida y el arte y la
filosofía en el mundo. Artistas o héroes de papel que se yerguen delante de
otros que no lo son con la bendita misión de hacer ver lo que no se ve,,, y ese
discurso sobre lo pedagógico, la formación (formatación) del resto de los que
no ven… y las preguntas siguen siendo aquellas que lanzaban aquellos otros ya
hace bastantes años,,, así walser decía en uno de sus romances, “será que lo
ideal no sería que los artistas fueran desapareciendo para que así todo el
mundo pudiese serlo, tener su parcela de arte, considerar su vida un arte”, así
agamben se preguntaba en el ámbito de lo que es lo contemporáneo, enigmatizando
un ser que ve las sombras del presente y ahí yo quisiera continuar la frase
completándola como una pregunta, el contemporáneo no será aquel que ve las
trevas* del presente en vez de considerarse aquel otro que esta viendo la luz y
en ese instante coloca a los restantes, el pueblo (aquel pueblo con minúscula)
en la oscuridad? Que vemos en lo oscuro? que nos esta capacitando o
disponibilizando a ver atrás de las luces de neón, de las universidades, de los
teatros, de las becas que nos suministran unas migajas a cambio de nuestras
vidas? Tengo miedo de lo que elijo, donde me encasillo, sobre todo de quienes
son mis congéneres en este camino acelerado que me he obligado a recorrer.
Siempre escribo en primera persona porque el truco de los terceros no me sirve,
me encasquilla, me hace verme de lejos,,, me dibuja en una silueta y basta. Lo
que mi pensamiento genera a cada segundo al desplazarme del lugar en el que
estoy para otros tantos, al incapacitarme para construirme como personalidad
coherente es lo que a cada instante me esta distanciando mas de tener cualquier
función social demarcada, optar por este o aquel dominio, ir empaquetando y
costurando el acaso. Suspensión. Vuelta al comienzo. Continuamos justificando
lo que hacemos en un raciocinio anticuado, en regímenes de signos cada vez mas
complejos pero que derivan de estructuras parecidas, las raíces del pensamiento
occidental se arrastran hasta hoy desde hace milenios, no paramos de inventar
maneras de gobernarnos y el abrir franjas de desorden y caos a pequeña
escala como lo puede ser una propuesta de creación, un espectáculo sofisticado,
parece no ser suficiente... En realidad nada parece ser suficiente, la dualidad
discursiva de conformismo-inconformismo, moderno-tradicional, y todos esos
parecen persistir en una organización general del pensar y el agir que no para de regenerarse en mi, en
vosotros, diría hasta en la materia, o será en como vemos la materia. Que vamos a decir mañana cuando nos
encontremos de nuevo o cuando subamos a un palco?,,, queremos seguir poniendo
los cuadros de una vida en los museos, dejamos de hacer cuadros, tomamos
cervezas a la beira do rio? Piensa que estamos decorando pequeñas zonas llenas
de polvo con objetos, aunque estos sean efímeros como el recitarse de un poema,,,
estoy siendo oscuro, estos tiempos son oscuros,,, escoges un lugarcito ahí,
aquel pequeño lugar que te dejan libre como puede serlo un teatro y durante unos
días tu nombre esta en cartelera y personas vienen ven y se van,,, es todo un
movimiento inabarcable o eso quieres creer, eres un punto en medio de miles de
puntos que hacen una mancha de la que solo eres un punto,,, te han robado el
concepto de los tres mosqueteros, “todos para uno, uno para todos”,,, o el del
apóstol Sao Paulo que no recuerdo bien pero venía a decir algo como…
*tinieblas / del portugues.
*tinieblas / del portugues.
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